domingo, 17 de julho de 2011

Genebra é do Senhor Jesus, povo de Deus declare isto

Virgil Vaduva

Ele matou 57 pessoas e baniu 76. Confiscou a propriedade de inimigos políticos e teológicos. Tomou o poder através de revolta e despotismo. Ele exerceu o poder com mão de ferro. Iste Gallus – aquele francês – foi a primeira referência a ele em livros oficiais e registros de Genebra, mas seu nome era Jehan Calvin (João Calvino), um advogado incrível, um teólogo brilhante, um tirano e um assassino.
Enquanto a ascensão ao poder em Genebra é tanto fascinante quanto profundamente perturbadora, o policiamento moral de Genebra não foi de fato onde o poder de policiamento de Calvino parou. Graças a registros detalhados, sabemos o resultado de vários dos aspectos práticos da teologia de Calvino e dos métodos de punição, com a morte não tendo sido frequentemente omitida no processo. Vejamos apenas alguns dos incidentes listados na ata:
  • Um homem sorriu enquanto assistia a um batismo: 3 dias na prisão.
  • Um homem dormiu durante o sermão de Calvino: prisão.
  • Alguns homens comeram doces no café da manhã: 3 dias a pão e água.
  • Dois homens jogaram boliche: prisão.
  • Dois homens jogaram dados valendo um quarto de uma garrafa de vinho: prisão.
  • Homens se recusaram a dar o nome de Abraão a seus filhos: prisão.
  • Um violinista cego tocou uma dança: expulsão.
  • Alguns homens elogiaram a tradução de Castellio da Bíblia: expulsão.
  • Uma moça foi patinar; uma viúva se atirou na cova de seu marido: ordem de penitência.
  • Alguns jovens enfiaram um feijão dentro do bolo: 24 horas a pão e água.
  • Um cidadão falou “Senhor Calvino” ao invés de “Mestre Calvino”: prisão.
  • Dois peões discutindo assuntos de negócios ao sair da igreja: prisão.
  • Um homem cantando de forma “incitante” na rua: expulsão.
  • Dois marinheiros brigando: execução para ambos.
  • Dois meninos se comportando cruelmente: morte na fogueira (sentença comutada).
  • Alguns homens riram enquanto Calvino estava pregando: 3 dias de prisão.
  • Uma moça insultou sua mãe: pão e água.
  • Um menino chamou a sua mãe de demônio e jogou uma pedra nela: açoitamento público e suspensão pelos braços amarrado a uma forca como um sinal de que ele merecia a morte.
  • Um jovem de 16 anos ameaçou bater na sua mãe e foi condenado à morte. Por causa da sua idade, sua punição foi trocada por expulsão após açoitamento público.
Parecia que com cada sentença emitida, o Consistório tornava-se mais e mais violento até que a morte tornou-se uma punição aceitável para aqueles que criticavam pessoalmente o Mestre Calvino. Um homem chamado Jacques Gruet foi torturado e executado simplesmente por chamar Calvino de hipócrita e por ateísmo.
Como o adultério era punido com prisão antes da chegada de Calvino a Genebra, agora era punido com morte. Uma mulher de nome Anne Le Moine que supostamente cometeu adultério com Antoine Cossonez foi sentenciada à morte juntamente com seu parceiro no crime. Depois de ambos serem cruelmente torturados, eles admitiram as acusações de adultério e foram ambos executados; ela foi afogada no rio Rhone e ele foi decapitado. Dois outros cidadãos das melhores famílias em Genebra, Heinrich Philip e Jacques le Nevue, também foram decapitados por ordem do Consistório por adultério.
Enquanto  essas punições possam parecer consistentes com o estilo de vida contemporâneo e o sistema judicial da época, não havia punição mais dura do que para aqueles que criticavam publicamente Calvino e desafiavam suas posições sociais e teológicas. Assim um homem que desafiou a predestinação foi severamente açoitado e expulso e um editor que insultou Calvino teve sua língua perfurada com um ferro quente e foi expulso de Genebra. Só nos dois anos de 1558 e 1559 houve 416 julgamentos sobre heresias contra Calvino e o Consistório.


Tradução: Gustavo K-fé Frederico
Título original: The Right to Heresy

Vejo a semente de semelhante “Teocracia” em alguns pastores evangélicos brasileiros midiáticos que sob a aparência de um reinado dos crentes na política promovem a xenofobia.

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